Fazer uma gestão hospitalar eficiente é uma tarefa complexa. Mensurar os resultados, lidar com um trabalho de natureza emergencial, sem margem para erros, e integrar os diversos grupos profissionais são alguns dos desafios enfrentados pelos gestores da área. Para completar, o ambiente hospitalar é ainda tradicional, muitas vezes resistente à adoção de novas tecnologias.
É nesse contexto que surgem as startups de saúde, ou healthtechs, focadas em gestão hospitalar. Inovadoras e digitais, elas oferecem serviços para o aumento da eficiência e controle de procedimentos médicos fora do atendimento, facilitando tarefas como controle de escalas, reembolso de seguros e coordenação de fluxos.
Neste artigo, apresentamos um panorama das healthtechs brasileiras de gestão hospitalar. Também conversamos com empreendedores de algumas dessas startups, que comentam sobre os desafios e as formas de inovar nessa área.
Panorama das healthtechs focadas em gestão hospitalar no Brasil
Dentre as 542 healthtechs brasileiras, 136 (ou 25,1%) são focadas em gestão e PEP (prontuário eletrônico do paciente), de acordo com o relatório Distrito Healthtech Report 2020. Essa é a categoria com maior número de startups de saúde.
É possível dividir, ainda, essa grande categoria de gestão e PEP em subcategorias, como gestão hospitalar, gestão de clínicas e prontuários eletrônicos. Nessa divisão, são 36 startups focadas especificamente na gestão de hospitais.
As healthtechs brasileiras têm como característica serem jovens — a maioria foi criada nos últimos 5 anos — e voltadas, predominantemente, ao mercado B2B. Na categoria de gestão e PEP, Vitta, Memed e Dr. Consulta estão entre os nomes de maior destaque.
Conheça 4 healthtechs brasileiras de gestão hospitalar
Agora que você já tem um panorama das healthtechs brasileiras de gestão hospitalar, que tal conhecer algumas startups que integram essa categoria e entender como elas ajudam a melhorar a administração dessas instituições de saúde?
Para isso, entrevistamos empreendedores de quatro healthtechs de gestão que são residentes do Distrito for Startups, programa do Distrito focado em desenvolver empresas jovens e inovadoras. Eles falaram sobre a importância desses novos negócios para a gestão eficiente de hospitais, sobre inovação na gestão hospitalar e mais.
João Marcelo Alves, da Meddriven
Eliminar a burocracia e o trabalho operacional típicos da gestão de contratos de outsourcing hospitalares, permitindo que os gestores foquem em tarefas mais estratégicas, é o objetivo da Meddriven.
O CEO da startup, João Marcelo Alves, credita a existência de um grande número de startups focadas em gestão hospitalar aos desafios enfrentados pela área. Ele, que já foi gestor hospitalar por mais de uma década, viveu na prática algumas das dores que as startups buscam solucionar hoje.
“Acredito que as startups de gestão hospitalar têm um papel fundamental de melhorar a eficiência operacional e conter os desperdícios hospitalares, além de criar soluções para tratamentos mais baratos e eficazes”, diz.
Ele aponta que o segmento hospitalar é bastante conservador, por conta das regulamentações e da responsabilidade de cuidar da vida humana. Para ele, as startups da área precisam pensar em uma forma de tornar os processos mais leves, eficientes e rápidos, melhorando a jornada do paciente e colocando-o no centro.
Nesse contexto, a tecnologia deve ser um meio e não um fim, servindo aos gestores, médicos e pacientes. “Conhecer como um hospital é gerido, quais as dores dos seus gestores e dos profissionais assistenciais e como é a jornada do paciente é essencial para uma solução ser aplicável no curto prazo e realmente gerar valor para o hospital e para o paciente”, conclui.
Isabela Araújo, da IDFlow
A IDFlow oferece monitoramento de toda a jornada do paciente, desde a triagem até o ponto de saída. Os gestores ficam conectados aos pacientes e colaboradores e podem tomar decisões rápidas. Isso é feito por meio de tags e beacons de fácil implementação, que necessitam apenas de uma fonte de energia.
Para a data science manager da startup, Isabela Araújo, o perfil dinâmico e eficiente das startups tem muito a contribuir com o ambiente mais tradicional dos hospitais. Para ela, apesar da grande quantidade de problemas a serem solucionados, a gestão hospitalar ainda é resistente a propostas de inovação e inclusão digital.
“É importante lembrar que a pipeline de aplicação de uma solução é extensa, depois das negociações, há ainda o levantamento de requisitos, modelagem dos sistemas e adequação de serviços, setores de aplicação, etapa de testes e funcionamento do produto, avaliação de resultados, entrega de valor, isso tudo envolve muitos profissionais, de gestores a recepcionistas”, explica. Para funcionar, todas as partes precisam estar cientes e abertas para cooperar com essas mudanças.
Ana Teresa Carvalho Vicentini, da Healthycon
A Healthycon procura resolver um problema comum em hospitais: a organização das filas de espera cirúrgicas. A plataforma é baseada em inteligência artificial, priorizando o agendamento de procedimentos cirúrgicos segundo critérios objetivos pré-estabelecidos por tipo de procedimento considerando a situação clínica, tempo em fila e recursos disponíveis. Dessa forma, médicos, enfermeiros e administradores alinham decisões operacionais, táticas e estratégicas e podem alocar os recursos disponíveis para atender a população da melhor forma.
Para a CEO e fundadora da startup, Ana Teresa Carvalho Vicentini, a transparência e a otimização da gestão hospitalar vieram para ficar. “A forma de gestão das empresas tem passado por uma grande transformação nos últimos anos e a evolução do tema nos hospitais começa a se destacar devido a pandemia e necessidade de maior transparência e rastreabilidade”, diz.
Ela cita que, em se tratando de gestão hospitalar, são muitas as oportunidades de inovação. “Muitas pequenas mudanças podem ser feitas e, com certeza, trarão benefícios mensuráveis ao nível de atendimento aos pacientes, motivação da equipe e eficácia nos processos e gestão”, conclui.
Mariano Souza, da Infoanest
O foco da Infoanest é facilitar a gestão de processos em medicina perioperatória, focando na percepção de qualidade e segurança do paciente. Criada em 2018, a healthtech facilita o agendamento de consultas, permite o envio de questionários, a emissão de guias de faturamento e a emissão de notas fiscais, dentre outras possibilidades.
Para Mariano Souza, um dos fundadores da Infoanest, as startups de saúde precisam se encaixar nas necessidades dos médicos. “É preciso entender que as diferentes especialidades possuem diferentes demandas e que acima de tudo precisamos integrar todos os dados a fim de promover uma melhor experiência do paciente, que deve ser colocado no centro dos processos”, diz.
De acordo com o profissional, criar soluções que façam sentido para todos os atores do setor da saúde requer um mergulho em mundos que antes eram separados, como assistência clínica e gestão. “Acreditamos que inovar em gestão hospitalar significa, construir uma ponte entre a assistência clínica e o gerenciamento de dados, que permita caminhar no sentido de ampliar o acesso do paciente, reduzir custos e trazer maior qualidade e segurança nos serviços prestados”, conclui
Conheça o Distrito for Startups
Todas as startups que mencionamos acima fazem parte do Distrito for Startups, uma plataforma que conecta empreendedores a mentores, investidores, parceiros de tecnologia, especialistas em negócios, grandes corporações, eventos e universidades.
O programa foi desenvolvido para ajudar você a resolver os maiores desafios do seu negócio, tudo com a ajuda de grandes especialistas no assunto! Visite a página do Distrito for Startups para saber mais. Você também pode testar a plataforma gratuitamente por 14 dias.